26.1.09

Biblioteca

Sento-me sempre no mesmo lugar. Aquele ao canto, com vista para fora. Aí, olhando para a vida que corre lá fora e passa cá dentro, vou apanhando pormenores que passam despercebidos a quem faz parte desse quadro. Quando me sento nesse canto esqueço qual era o meu objectivo, nem lembro porque e como lá fui parar. Mergulho numa espécie de sono de olhos abertos, em que sou acordado volta e meia por algumas personagens que vão entrando e saindo dos meus sonhos.

Como por exemplo um rapaz de vinte e poucos anos, com aspecto de quem já foi derrotado várias vezes pelo livro de capa dura que teima em virar e revirar desesperadamente, como se aí pudesse estar a solução para todos os problemas propostos naquela folha A4 amachucada. Vendo a força e a avidez com que vira cada página, atrevo-me quase a dizer que nesse livro estão as soluções para todos os problemas que o assolam.

Mas talvez o seu principal problema sejam os (poucos) hábitos de higiene que o cabelo deixa adivinhar. É, pelo menos, o meu maior problema cada vez que olho para ele. E pelo aspecto incomodado do vizinho do lado, parece-me que não sou o único com esta opinião. E para esse problema, não é preciso procurar a solução num livro... 

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