A história urbanizou meio mundo. Não que metade do planeta sejam cidades, felizmente, mas não devo estar a dar uma grande canelada na demografia ao dizer que, grosso modo, dividindo toda a gente ao meio, um dos lados, digamos que o que fica do meio para a direita, vive em cidades, habitando o outro, o que fica do meio para a esquerda, em meios rurais. Com isso, dividiu-se também a noite.
No inicio, a noite era só uma, sem divisões, toda igual, toda escura. Depois, a cronologia que toda a gente conhece, encarregou-se de separar o breu em dois e, sem consulta de opiniões, alaranjar, usando a analogia a que já recorremos acima, a metade que ficou do meio para a direita. A esta hora, da varanda, a minha noite é em tons de laranja, que não sendo uma cor feia, foi-me descaradamente imposta. Podiam ter feito um referendo, que até está na moda, com uns quadradinhos a pedir uma cruz, em frente a cada cor, amarelo, quadradinho, azul, quadradinho, vermelho, quadradinho, lilás, quadradinho, verde-esmeralda, quadradinho, e cada um dava o seu palpite. Hoje, numa realidade inimaginável aos que não conheceram a iluminação artificial, existem duas noites, uma negra e outra cor de fogo. Sem favoritismos.
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