26.1.10

Antes do pós

Num estaminé vizinho, falou-se sobre a enriquecedora experiência de um pós-exame que não correu bem. Aqui segue a minha experiência sobre o que antecede o dito acidente. Assim em jeito de prólogo.

Tudo começa com o estudo. Sentado numa secretária, no quarto, numa biblioteca, numa mesa de café. Seja onde for, o fingir que se estuda não olha ao local. Muitas folhas e papéis espalhados, porque assim dá um ar mais competente e entendido. Começa por se abrir o livro numa página, mas afinal para perceber isto preciso de estudar mais para trás. E quando damos por nós começar a estudar é como procurar a ponta do fio num emaranhado de lã. O princípio está escondido e quase impossível de se agarrar.

Quando por fim descobrimos alguma coisa que seja precisa para o exame e não exija bases de trás, começa a distracção. Olha, nunca tinha reparado que as paredes são desta cor, ah!, esta mosca a voar faz umas figuras geométricas giras. Consigo ver um quadrado. Agora um triângulo. E aquele CD, que não oiço há tanto tempo? Deixa lá só ouvir uma música, a nº três era a minha preferida. Afinal parece que não, acho que final era a cinco. Não, também não é esta. O melhor é ouvir do princípio para ver se a encontro. Agora deu-me a fome, ainda não comi nos últimos 45 minutos. Segue então um intervalo na cozinha. Intervalo de quê, mais precisamente? Não se sabe, mas é com certeza um intervalo merecido. Abre-se e fecha-se um frigorifico no mínimo três vezes, pode ser que apareça lá o que nos está a apetecer.

Regresso ao local de estudo. Mas não se pode começar a estudar depois de uma pausa, porque pode cair mal. Faz-se a transição no computador, onde se consultam os sites habituais (FB, blogs diversos, jornais e revistas, ...) que não têm qualquer actualização desde a última vez que os visitámos. Recomeça o estudo, e recomeça o parágrafo acima.

Eventualmente chega o dia do exame. Se foi um daqueles que dura três horas dá para experimentar toda uma panóplia de sensações. Desde a euforia sem razão, passando pelo desespero, pelo ódio à faculdade respectiva, e algumas vezes até pelo sono. E, como três horas são muitos minutos, dá também para distracções. Olha, nunca tinha reparado que as paredes são desta cor, ah!, esta mosca a voar faz umas figuras geométricas giras. Consigo ver um quadrado. Agora um triângulo.

Acaba o exame, entrega-se, e parte-se para os passos recomendados no texto referido acima.

3 comentários:

  1. Tu e a Inês andam dentro da minha cabeça, está visto.




    (Comentário composto, como é natural, num dos intervalos tão bem descritos acima)

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  2. Ahaha tal e qual! :)

    Antes, durante e depois dos exames, momentos igualmente dramáticos na vida de um estudante...

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