24.2.11

Livro dos despautérios iii)

A linearidade é uma aldrabice. É solúvel em vinho. Dobra-se a pulso ou à sorte. Nós, gente miudinha, somos tão mestres da ilusão que nos iludimos da nossa mestria. Gostamos de ignorar, por afinidade de lógicas, que a linearidade é quase sempre uma aproximação grosseira, tirada a ferros, inventada para sossegar ou afligir sem espinhas. Andar enganado é mais fácil. Ainda assim, quer no aborrecimento, quer na exaltação, e sobretudo quando as circunstâncias aparentam uma clareza e definição que não deixem apetite à dúvida, eu recordo a facilidade com que me deixo enganar por mim mesmo, escolho um assento que me pareça adequado e, com o maior dos vagares, me debruço sobre as curvas que sei que vou encontrar, ainda que toda a gente me diga que por ali é sempre a direito.

4 comentários:

  1. Gostei da reflexão sobre as linearidades, dos problemas do dia-a-dia, da vida... Realmente, a linearização é uma aproximação grosseira da realidade... Acho que os caprichos das curvas, dão uma certa magia às coisas.. :) Gostei muito, gosto sempre ;) um beijinho grande Zé*
    Joana Rosa

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  2. Joaninha! Eu ando a coleccionar saudades, de ti e das coisas que costumavas escrever...!

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  3. Valeu a pena esperar. Concordo com o que aqui foi dito mas de uma maneira bem menos articulada :)

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  4. Zé, não tenho tido muita inspiração, o Técnico vai sugando a vontade... :) Também tenho muitas saudades! um beijinho*

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