Cavar pareceu-me uma boa ideia. Estar parado é, sem novidade para os que me conhecem, um mimo que eu gosto de prolongar por tempo indefinido, principalmente se houver urgência em resolver qualquer assunto aborrecido que me diga respeito. Mas ontem, num início de tarde que não desejo a ninguém, uma resolução misteriosa, nascida dum desconcerto que não quero tentar adjectivar, fez-me ir até ao quintal para cavar. A ferramenta não era, de todo, a adequada ao trabalho, uma enxada rasa, em más condições, ao invés de uma enxada de pontas, as mãos, de princesa, com três meses de fermentação caseira, sem ver sol nem trabalho que não fosse o de riscar as contas intermináveis que a cabeça esforçava a conta gotas, e uma determinação inabalável, que apontava a um objectivo claro, cansar o corpo até a cabeça desligar a consciência.
Sem espanto, dormi satisfeito, com bolhas nas mãos, uma novidade que me arrancou um sorriso e, além da dezena de canteiros de rega novos, plantei uma árvore. Agora só falta um livro e um puto.
Sem espanto, dormi satisfeito, com bolhas nas mãos, uma novidade que me arrancou um sorriso e, além da dezena de canteiros de rega novos, plantei uma árvore. Agora só falta um livro e um puto.
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