Quando no outro dia lá fui, o barbeiro habitual estava de férias. Como o cabelo estava num estado de revolta que ultrapassava o permitido, não tive outra alternativa que não sentar-me noutra cadeira que não a minha, que já tinha o formato optimizado para as minhas ancas.
Sentei-me, o barbeiro pôs-me aquele babete para não sujar a t-shirt com cabelo, e perguntou:
'Então como é que quer o cabelo?'.
Entrei em pânico. Nunca na vida me tinham feito aquela pergunta, e não ia preparado para dar uma resposta. Pensei responder 'quero cortado', mas não me pareceu que fosse uma resposta produtiva. Respondi:
'Assim dos lados, mais ou menos em cima e não tanto atrás'.
Não faço a menor ideia do que quer dizer esta resposta, mas o barbeiro ficou satisfeito e começou a dar à tesoura.
Com a resposta que dei, considero o facto de não ter uma crista um alívio.
Esqueci-me que me queria lembrar de falar sobre os barbeiros aqui, numa outra altura que não aquela em que li estas linhas. Esqueci-me do que queria dizer, mas caramba, quem não gosta de ir ao barbeiro, esse que sabe da vida de todos e que é uma enciclopédia futebolística falante, pelo menos no que diz respeito às três primeiras divisões nacionais, desde mil novecentos e cinquenta e poucos? Eu adoro, e então aquelas cadeiras bordeaux, com encosto de cabeça e poisa braços, que giram sobre si mesmas e sobem-e-descem, deviam ser elevadas a património mundial da humanidade, ou coisa que o valha.
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