Sou de extremidades frias. Tenho os pés e as mãos longe da barriga e suponho que seja esse afastamento o principal culpado de semelhante tendência para arrefecer pelas pontas, já que a minha circulação sanguínea é, tanto quanto sei, soberba, e que o meu brilhantismo, infelizmente, não tem o calibre necessário para ser responsável pelo desvio de caudal circulatório que justifique tamanho fenómeno refrigerativo nas mais afastadas fronteiras corpóreas. Não me incomodo com nada. Nem quando a sensibilidade dos dedos dos pés, já de si reduzida, se deixa substituir por uma sensação bizarra, como se me estivessem a doer os pés de outra pessoa, nem sequer quando as mãos começam a ficar gradualmente mais lentas e inúteis, exigindo atenção e mimo. Hoje, enquanto vou ignorando os pés de não-sei-quem que me vão doendo do outro lado da cama, vou fazendo o gosto às mãos, à velocidade que a temperatura vai permitindo, e vou empilhando frases compridas, cheias de vírgulas e desinteresses. Não me incomodo com nada.
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Se te consola, os meus pés e as minhas mãos estão muito mais perto de tudo o resto e no entanto sofro do mesmo mal...mas ao contrário de ti isso incomoda-me!
ResponderExcluirIsso não pode ficar assim, temos de tomar previdências por forma a evitar que a bolacha mais curta passe o Natal sem ver resolvida a questão das extremidades frias. Apelo às nossas legiões de leitores que não deixem passar esta época festiva em branco e que invistam naquilo que será, por certo, muito mais que uma agradável lembrança: meias para a Inês.
ResponderExcluirMeias com aquecimento central, da minha parte.
ResponderExcluir(porque eu faço parte da legião)
Como tu, serão centenas! Vai ser um mar de meias.
ResponderExcluirAhahahaha! Isso é tudo muito bonito mas não me parece que as meias me vão resolver toda a questão das extremidades frias...ou esperas que use meias nas mãos?
ResponderExcluirTinha-te como uma pessoa indie o suficiente para resolveres esse pormenor com distinta originalidade, Inês.
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